A Copa
de 1970 no microfone da Guaíba e no ufanismo de então
2014
Luiz Artur Ferraretto
Fonte: Acervo
particular.
Com apenas cinco canais disponíveis para trazer o som do
México para o Brasil, a Rádio Guaíba, de Porto Alegre, estabeleceu uma parceria
com a Continental, do Rio de Janeiro. Na final, quando a seleção canarinho
enfrentou os italianos, cada tempo da partida acabou sendo irradiado pela
equipe de uma emissora. Mesmo assim, consciente do papel histórico daquela
transmissão, Pedro Carneiro Pereira gravaria uma narração sua mesmo na parte em
que os ouvintes da Guaíba recebiam o som da equipe da Continental. Para o
México, foram ainda o comentarista Ruy Carlos Ostermann e o repórter João
Carlos Belmonte. Pela primeira vez, a transmissão chegava aos ouvintes via
satélite utilizando os serviços da estatal Empresa Brasileira de
Telecomunicações (Embratel).
Estava formada a Grande Rede Brasileira dos Esportes, sob o
comando da Guaíba e da Continental, mas incluindo emissoras dos estados de
Goiás, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e
São Paulo, além de uma estação do Uruguai. A Copa de 1970 é a primeira ainda
com transmissão ao vivo dos jogos pela televisão. Além disto, atestando a
importância da Guaíba no cenário nacional, o jornalista Flávio Alcaraz Gomes, um
dos diretores da emissora, foi o escolhido para coordenar o trabalho das rádios
brasileiras durante o certame.
Guaíba, a única emissora do Rio Grande do Sul com uma equipe
completa no México
Fonte: Folha da tarde, Porto Alegre, 25 maio 1970. p.
40.
Por todo o lado ecoava um jingle bem ao espírito pretendido pela chamada Revolução de 1964
para o uso político do futebol dentro da ideia do Brasil do “Ame-o ou deixe-o”:
Ufanismos ditatoriais à parte, a canção marcaria a memória dos torcedores brasileiros por década com esses versos de Miguel Gustavo Werneck de Sousa Martins e música de Raul de Souza, não saindo mais do imaginário do futebol brasileiro.
Noventa milhões em ação
Pra frente Brasil
Do meu coração
Todos juntos vamos
Pra frente Brasil
Salve a Seleção
De repente é aquela corrente pra frente
Parece que todo o Brasil deu a mão
Todos ligados na mesma emoção
Tudo é um só coração!
Todos juntos vamos
Pra frente Brasil, Brasil
Salve a Seleção
Ufanismos ditatoriais à parte, a canção marcaria a memória dos torcedores brasileiros por década com esses versos de Miguel Gustavo Werneck de Sousa Martins e música de Raul de Souza, não saindo mais do imaginário do futebol brasileiro.
Pedro Carneiro Pereira narra o final de Brasil 4 x 1 Itália
(21 de junho de 1970)
Fonte: FERRARETTO, Luiz Artur.
Itinerários de um repórter. In: GOMES, Flávio Alcaraz. Eu Vi!. Porto Alegre.
Publicato, 2006. DVD.
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