O jornalista do tipo canivete suíço
13 de abril de 2017
Luiz Artur Ferraretto
Na vida e no jornalismo, há um tipo de
sujeito que é como um canivete suíço. Para ele, não há tempo ruim. Aparece o
desafio e o cara enfrenta. É antes de tudo um sujeito solidário. O colega com “c”
maiúsculo, aquele que não vai deixá-lo na mão. Trata-se do profissional, do
verdadeiro profissional. Aquele que soma.
Em tempos de individualismo exacerbado e de
excesso de gênios toscos, o canivete suíço, no entanto, anda raro. Sobram
desculpas para o corpo mole e estas, em geral, vêm
cheias de certezas: “O salário não é condizente com a minha formação!”, “Não
sou obrigado a acompanhar as notícias fora do meu horário de trabalho!”, “Não
fiz jornalismo pra isto!”, “Meu horário é meu horário e tá acabado!”, “Imagina
me pedirem isto!”, “Uma noticiazinha destas e eu é que devo me esforçar para
fazer um bom texto?”, “Você não me orientou adequadamente!”, “Mas agora eu
preciso saber português?”...
Ia esquecendo:
o corpo mole, antítese do canivete suíço, adora exclamações e interrogações.
Faz parte da terapia que o sujeito deixou de fazer, da orientação que os pais
não deram e da nota 10 recebida sem merecimento.
Já o canivete
suíço pode não ter a resposta pra tudo. Pode ser que, em dado momento, não
ofereça a ferramenta adequada. No entanto, ele vai sempre tentar. E ousar,
mesmo que sua humildade imponha pontos, vírgulas e reticências, muitos três
pontinhos, que estes servem para refletir.
A atitude de um
canivete suíço envolve comprometimento, força de vontade e certa dose de
talento. Não se engane com quem diz que este tipo de jornalista é um explorado,
um trouxa, um subassalariado... Profissionais que escrevem, com sua atitude,
jornalismo com “j” maiúsculo são do tipo canivete suíço. E, por este motivo,
ganham bem mais do que os outros.
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