Manuais de redação e produção: algo esquecido nas rádios
2017
Luiz Artur Ferraretto
Um dos problemas atuais no radiojornalismo é, sem dúvida, a
despadronização e certo desleixo com a técnica. Tem origem, em parte, em um
ensino universitário por vezes distanciado da realidade das emissoras. Há
nestas, no entanto, menos rigor com o produto final do que em outros tempos. A
ainda não assimilada transformação do profissional em multitarefa talvez
explique essa situação. A redução de vagas em função da crise provocada pela
internet, mais antiga, e pela situação econômico-político, recente, também pode
estar entre os motivos.
Nas décadas de 1980 e 1990, quando o jornalismo se firmou
como segmento era bem diferente. Grandes emissoras produziam manuais de redação
e produção para consumo interno, chegando mesmo a lançá-los na forma de livro.
No Rio Grande do Sul, não foi diferente. A pioneira, embora ainda em sua fase
de música-esporte-notícia, foi a Guaíba em meados da década de 1970, com mais de
uma edição. Na segunda, por exemplo, compilada por Aldo Jung, o então locutor
do Correspondente Renner, Milton
Ferretti Jung, dava uma pequena aula sobre a necessidade deste tipo de guia:
Apresentação da segunda edição do livreto Normas de redação, da Rádio Guaíba (meados
dos anos 1980)
Além da contribuição dos irmãos Aldo e Milton Jung, o
trabalho teve a colaboração de vários jornalistas da emissora: Dilon Trescastro
Rodrigues, Eridson Marques Lemos, Flávio Dutra, Flávio Veiga Miranda, Floriano
Fidelis Soares, Hermelindo Paes de Macedo, Idalino Asp Vieira e Luiz Figueredo.
Capa da primeira edição do livreto Normas de redação, da Rádio Guaíba
(meados dos anos 1970)
Em outubro de 1987, a Gaúcha, que havia passado a liderar o
segmento de jornalismo no ano anterior, produziu também as suas Normas de redação, produção e apresentação.
Na época, dirigiam os vários setores da emissora voltados à produção de
conteúdo profissionais como Claiton Selistre, Claudio Moretto, Rita Campos
Daudt, Domingos Martins, Armindo Antônio Ranzolin e Flávio Dutra.
Capa do livreto Normas de
redação, produção e apresentação (1987)
Dez anos depois, o coordenador de Jornalismo da emissora e
professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Luciano
Klöckner, escreve A notícia na Rádio
Gaúcha, publicado na forma de livro pela Editora Sulina.
Capa do livro A notícia na
Rádio Gaúcha, de Luciano Klöckner (1997)
Ainda na década de 1990 e no início dos anos 2000, a Guaíba,
com Flávio Portella na Gerência de Jornalismo, atualizaria o seu manual,
mantendo, inclusive, uma versão on-line
disponível para acesso em seu site.
Página inicial da versão on-line do Manual de redação,
da Rádio Guaíba (2000)
A mais recente versão desta prática em emissoras do estado é
o livreto Nosso jeito de fazer
comunicação, publicado em 2013 pela Ordem dos Frades Capuchinhos, com
orientações para as emissoras da Rede Sul de Rádio – atual Tua Rádio – e da
Rede Maisnova FM.
Capa do livreto Nosso jeito
de fazer comunicação, da Rede Sul de Rádio e da Rede Maisnova FM (2013)
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