Lauro Quadros, dos gramados ao Polêmica
2006
Luiz Artur Ferraretto
Anúncio do programa Polêmica (agosto de 2003)
Fonte: Zero Hora, Porto Alegre, 10 ago.
2003. p. 23.
Nos anos 1970, cada jornada esportiva da
Rádio Guaíba era um show à parte do futebol que rolava nos gramados, opondo
quase sempre torcedores do Grêmio e do Internacional. Ao lado da voz precisa e
clara do narrador Armindo Antônio Ranzolin, além do plantão Antônio Augusto,
alternavam-se os comentaristas Ruy Carlos Ostermann, de seriedade inconfundível
na qualidade das suas informações e opiniões, e Lauro Quadros, ousando explorar
descontração ao microfone da mais sóbria emissora do estado.
Antes, nas décadas de 1950 e 1960, baixinho
e elétrico na beira dos gramados, Lauro já se destacara com suas perguntas
precisas, percepção acurada e português correto, dando consistência à
reportagem esportiva no rádio do Rio Grande do Sul. Fora estas qualidades, ele acrescentaria,
com o tempo, descontração a uma atividade em que o ouvinte ainda era chamado,
com cerimônia, de senhor, e o profissional de microfone usava terno e gravata.
Era uma figura curiosa por vezes. Em certa ocasião, paletó e o formal pedaço de
pano preso por nó no colarinho, colocou bermuda floreada e entrou em campo para
trabalhar. Óbvio que chamou a atenção de todos.
Em 1969, tornava-se comentarista na Guaíba,
consagrando expressões muito particulares. Para definir profissionais ou
elogiar um lance de brilhantismo, saía-se com um "esse conhece o rengo
sentado e o cego dormindo" ou "ele sabe a cabeça que tem
piolho". Quando queria indicar uma área do campo de marcação deficiente do
adversário por onde um time poderia chegar ao gol, soltava um "ali é o
caminho da roça". E, para encerrar um raciocínio, largava outra marca
registrada: "É isto aí mais meio quilo de farofa".
Um grenal na voz de Ranzolin ganhava,
então, dois comentaristas para contentar a todos. Era uma fórmula imbatível. De
um lado, a opinião de voz pausada do professor Ostermann, com formação na área
de Filosofia e um dos textos melhor construídos do rádio esportivo brasileiro.
De outro, o tirocínio e a alegria de Lauro Quadros. Nenhum dos dois
demonstrando preferências clubísticas, mas ambos somando qualidade às irradiações da Guaíba.
Mas por que falar de Lauro Quadros em meio
a estes tantos grandes profissionais de jornadas perdidas na lembrança? Pois
ele, dos anos 1990 até recentemente, garantiu a mesma seriedade risonha ao Polêmica, programa de debates
apresentado, de segunda a sexta-feira, na Rádio Gaúcha, sempre às 9h30. No
finzinho da atração anterior, quando o Ranzolin ainda estava na ativa e se
despedia de seus ouvintes do Gaúcha
Atualidade trocando breves palavras com o Lauro, parecia
que os ponteiros do relógio voltavam à década de 1970. Não era só, óbvio, para
os tempos deles na Guaíba, mas também para as décadas de 1980 e 1990 com ambos
na Gaúcha.
Tardes e noites de futebol para não
esquecer mesmo, independente do resultado favorável ou desfavorável ao time do
coração. Tardes e noites para lembrar nem que seja por um instante fugaz na
passagem do Ranzolin para o Lauro. O instante mágico acontecia por volta das
9h25 na Gaúcha, de Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
Lauro Quadros
na apresentação do Polêmica (24 de outubro de 2011)
Fonte: RÁDIO GAÚCHA. Polêmica, Porto Alegre, 24 out. 2013.
Programa de rádio.
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