Ary dos Santos, o da “maior e melhor” equipe de esportes
2018
Luiz Artur Ferraretto

Anúncio da Rádio Gaúcha (maio de 1962)
Fonte: Revista do Globo, Porto Alegre, ano 33, n. 821, maio 1962. Encarte.

Final dos anos 1950. É domingo de Grenal, o clássico dos clássicos do futebol do Rio Grande do Sul. Na Gaúcha, “a maior e melhor”, das oito da manhã até às oito da noite, a mobilização é total ao microfone e nos bastidores. Parte da transmissão conta com o comando de Maurício Sobrinho, o mais popular comunicador do Rio Grande do Sul, também diretor da Gaúcha e um dos sócios minoritários na rádio controlada pelos Ballvé desde meados de 1957. No entanto, ao longo do dia de irradiações dedicadas ao futebol, quem manda mesmo é Ary dos Santos, o Chinês, chefe do Departamento de Esportes.
A respeito, registra a Revista TV, em sua edição de novembro de 1958:
Tudo começa quando o locutor de estúdio anuncia:
– Atenção, ouvintes! A Gaúcha vai falar em esportes! Então, entra a característica tradicional (uma das mais bonitas por sinal) e logo a verborréia fluente de [...] Guilherme Sibemberg anunciando as generalidades iniciais. Logo depois, chega a vez do comentarista que, dia a dia, se vem firmando ao microfone da pioneira, Samuel Madureira Coelho, para tecer as suas primeiras considerações sobre a peleja. Chega, então, a vez do radiorrepórter Sérgio Moraes (um cobrinha que dentro em breve será um cobrão) falando dos vestiários com a constituição oficial de ambas as equipes. 
A palavra é reconquistada por Guilherme, que a estende para [...] Antônio Carlos Resende, que, após algumas fintas diante do microfone, atravessa lá na extrema, onde o José Matzembacher vai entrevistar os jogadores. Enquanto isso, cá atrás, recebendo instruções provenientes de todas as partes do mundo, está o Éldio Macedo com o panorama esportivo do dia. Depois de uma confusão na área adversária, é atendido um chamado de Marcos Amaral que, de outro campo, fornece as mais recentes informações acerca do transcorrer de outra partida. Enquanto isso, a dupla de ouro (Guilherme-Resende) continua marcando tentos. Quando a pelota é endereçada pela linha de fundo, chega a vez do Sérgio Lubianca, desde o hipódromo dos Moinhos de Vento, com o resultado de cada páreo. Do lado de fora, dando instruções à sua equipe, está o capitão e técnico Ary dos Santos (o popular Chinês), comandando as ações e cochichando novas táticas de marcação para os craques do microfone.

Criação de Ary dos Santos, a ideia da “maior e melhor” marca as mais diversas irradiações da emissora e aparece com frequência nos anúncios publicados na imprensa. Anos depois, o radialista explicaria para a revista Press, em uma de suas únicas entrevistas:
Maior porque era a mais numerosa. Melhor porque tinha os melhores, pelo menos eu achava. Os melhores narradores da época, os melhores repórteres e os melhores comentaristas.
Após deixar a Gaúcha, em 1971, Ary dos Santos passa pela Difusora e, mais tarde, em 1980, pela Farroupilha. Ao longo de três décadas, lançou com sucesso diversos profissionais como Cláudio Brito, Éldio Macedo, Lauro Quadros e Wianey Carlet.
Afastado há décadas do jornalismo esportivo, Chinês faleceu, aos 91 anos, em 12 de janeiro de 2018.

No Chamada Geral – Segunda Edição, da Gaúcha, Cláudio Brito comenta a morte de Ary dos Santos (12 de janeiro de 2018)
Fonte: RÁDIO GAÚCHA. Chamada Geral – Segunda Edição, Porto Alegre, 12 jan. 2018. Programa de rádio.

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